Páginas

28 de agosto de 2012

Conto: Garota dos lábios vermelhos.




- Como você faz isso? - Eu perguntei meio atordoada para aquela garota que tinha os olhos de doces, porém atitudes fortes e arrogantes para defender aquilo que queria. 
Isso o que? - Ela me perguntou voltando seu olhar pra mim e por cima daqueles cílios postiços pude ver que no fundo ela ainda era frágil ainda que tivesse trancando suas fraquezas em um buraco no fim da sua alma, ela ainda era aquela garotinha que eu conheci quando tinha seis anos. 
Busquei as palavras em toda a minha mente, mas algo dentro de mim não queria responder essa pergunta… Talvez, a razão da minha relutância em responder estaria no fato de que eu não queria admitir que não sabia o que era aquilo. Reunindo toda coragem, falei: - Essa coisa de ser… Você mesma. 
Ela pareceu não estar com vontade de debochar de mim, e talvez por isso tenha demorado para responder, mesmo sendo a it girl agora sabia que sua amiga de infância não era do tipo que aceitava qualquer palavra, que sua ex-amiga, pra falar a verdade, achava que tudo tinha uma explicação, porém acreditava em tudo que as pessoas te diziam. Curvando os lábios vermelhos ela deu um sorriso satisfeito ao responder: - Com o tempo, você vai pegando a prática. 
Ela jogou um beijo no ar em minha direção e saiu daquela festa tediosa com tamanha classe e rapidez que a anfitriã não conseguiu apanhar a pupila rebelde a tempo… Mesmo que aparentemente não concordasse com as maneiras de sua ex-amiga e mais nova it girl, no fundo desejou que ela estivesse certa… Desejou que com o tempo ela achasse uma maneira de mostrar quem ela realmente era e o que ela realmente gostava. E que com o tempo pudesse ser ela mesma. Mas foi tentando que aprendeu que ser ela mesma não é tão fácil assim e que se estivesse disposta a continuar com tal pensamentos e atitudes deveria arranjar munições pra batalha eminente. Queria seguir os passos da ex-amiga. No dia após a festa, quando estava passeando pelo Upper East Side viu uma coisa a qual ela nunca tinha experimentado antes e sonhara desde pequena numa prateleira de uma loja refinada, a qual ela nunca havia entrado antes, pois sua madrasta dizia que ela era jovem demais pra usar coisas como aquelas. Entrou na loja e comprou o que queria: um batom vermelho. Sua altoestima estava elevada, porém sabia que um batom não era algo tão revolucionário e a única coisa que poderia fazer com que ela se tornasse ela mesma, seria ela própria e que teria que lutar muito por isso. Pela primeira vez, se sentia confiante e mau podia esperar pra  ganhar essa batalha. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário